Para Clarice, as sexta-feiras tem três pontinhos, os sábados exclamações e os domingos parênteses, nos quais sempre encaixa João. Sempre e ainda João. Não consegue evitar. E todo domingo ela se perde nas lembranças. Nesse último, lembrou que certa vez João havia lhe dito que os sonhos existiam pra que mesmo dormindo as pessoas pudessem ficar juntas. Isso fazia muito sentido quando o tempo que passavam lado a lado e acordados não era suficiente para matar a vontade de estarem juntos, usufruindo da companhia um do outro. Hoje Clarice já nem sonha. E quando sonha é só tormento. Desejos que afligem. Perde-se no tempo e já nem lembra mais quando foi exatamente que João deixou de ser seu pensamento preferido.
Sabe que eu não sou de meios termos, mas com você passei dos limites, de
todos. Eu devia ter ido embora naquela noite, depois da primeira garrafa de
vinho,...