14 de dez. de 2011

viagens cotidianas - chocolate


Entrou no ônibus. Janela livre, uma dádiva. Trinta segundos depois de sentar, lembrou, como de costume sempre lembrava: esqueci o livro, um livro. Qualquer distração. A viagem será longa. Milhões aproximam-se nas ruas do Recife, o trânsito das seis e meia. Tanta gente junta, tanta gente só. O vasto número de pessoas sequer dilui minha solidão. Solidez de mãos e corações. É grave. Dessa vez, o cheiro exalado pela Fábrica é indubitável: chocolate. Chocolate, leite e manteiga borbulhando na caldeira, misturados. O cheiro em nada me lembra o teu sopro, mas a cor. Imagino montanhas, tuas costas. E o calor. O teu calor que eu recebo quando me molhas de suor.
o prazer de usar a linguagem é um dos prazeres humanos maiores.